A designação de
anti-praxe serve, em diversas instituições de ensino superior, para designar os
caloiros que não querem participar no gozo ao caloiro. Mas fará sentido
apelidar de anti-praxe quem rejeita ser praxado? Afinal, o que é ser
anti-praxe?
Como explicado no
artigo sobre a Praxe e Tradição Académica, a Praxe é a Lei Académica, ou seja,
um conjunto de regras e normas que, entre muitas outras coisas, regulam o gozo ao caloiro (também regula outros aspectos
– vede o artigo mencionado). Também já foi dito que a Praxe e o gozo ao
caloiro, apelidado vulgarmente de “praxes”, não são a mesma coisa.
Recusar
participar no gozo ao caloiro e ser praxado não é o mesmo que recusar a Praxe.
A título de
exemplo, alguém que não queira ser praxado pode continuar a observar as regras
de etiqueta quando traja (regras que são da esfera da Praxe). Por exemplo, pode
ir à Serenata e estar de capa traçada.
Ser anti-praxe
significa rejeitar a Praxe, por completo. Ser contra as actividades
desenvolvidas no gozo ao caloiro não é ser contra a Praxe!
Posso ser proibido de trajar e de participar na
Queima ou na Serenata se não for praxado?
Não. Nenhum
organismo de Praxe tem o poder de impedir alguém de trajar.[1] O
traje académico é um direito de todos os estudantes do ensino superior, sem
excepção, seja de que ano for.
Os organismos de
Praxe devem orientar e zelar pelo seu correcto uso, aconselhando e corrigindo
algum erro no uso do traje,[1] mas não podem fazer muito mais que isso.
O Traje é o uniforme estudantil, não é da Praxe nem das “praxes”.
De igual modo, a
Serenata e a Queima também não são Praxe (como explicado no artigo anterior).
São manifestações da Tradição Académica[2] e da cultura estudantil
abertas a todos os estudantes do ensino superior, sem excepção. Não são do
domínio de organismos praxísticos.
Se não for praxado não me conseguirei integrar?
As actividades
praxísticas podem ter o efeito indirecto
de ajudar a integrar, mas não é esse o seu objectivo. Exemplificando, ir às
aulas permite-nos conhecer colegas. No entanto, conhecer colegas não é o
objectivo das aulas, que é aprender. A integração é algo que ocorre
naturalmente quando participamos em qualquer actividade com outras pessoas.
A participação no
gozo ao caloiro não garante que façam amigos facilmente, assim como não
participar também não garante que não façam amizades. Passaram no minímo 17/18 anos a fazer amigos
sozinhos, sem ser preciso serem praxados.
Anti-abusos
Gostavamos de
reforçar que a Praxe deve obedecer à lei Portuguesa. Deste modo, qualquer abuso
cometido sobre o âmbito da Praxe, não respeita a Praxe. Dizer que não é Praxe
não desculpa nada nem isenta qualquer acto.[3] Abusos e humilhações
realizados no âmbito das “praxes” não respeitam a Praxe, nem a lei portuguesa,
acabando por levar a que a Praxe seja “culpada” pelas más práticas e
desrespeito de que é alvo.
O que podemos
esperar da opinião pública quando temos “códigos de praxe” que se apropriam da
Praxe para promover práticas vergonhosas e desrespeitosas que em nada são
Praxe? E quando promovem o roubo ou humilhação?[3]
Deixamos aberto a
reflexão.
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